Deslizado os pés sobre a paixão

Que vontade de voar! Como as libélulas,beija-flores ou as corujas,ah essas são minhas favoritas!Poderia passar o dia todo e por certo,a noite inteirinha voando e vendo tudo que está acontecendo,talvez fosse a Paris,talvez.Quem sabe Londres,mas a Londres doas escritores,ou Veneza dos amantes,Roma e sua infida história,Jerusalém e seu sangue embutido em cada ruína.São tantas visões distintas de um mesmo mundo,qual delas mais me agradaria?Eu devo lhes responder,assim que souber.

Poderia lhes dizer que meu destino seria o Japão,um povo admirável um país magnífico,mas hoje minha falta de coragem me traz uma ressalva,o anúncio de usinas nucleares prestes a detonar seus reatores deixou-me apavorada!Quais as conseqüências para nosso universo?

Entretanto a magnificência de formas,cores,pessoas  e sentimentos embutidos em casa cidade devastada me atrai muito.É necessário o mais intuitivo registro desse momento,tanto para a história,quanto para nosso presente,pois é meio impossível depararmo-nos com uma realidade tão pérfida e continuarmos nesta mesma mediocridade de consumo desenfreado e inconseqüente.

Continuaremos tratando nossos preconceitos de forma mascarada e  leve?Orgulhamo-nos em dizer,não há mais racismo no Brasil, somos iguais,daria minha vida por isso,desafio você a conversar com qualquer pessoa com estes argumentos e derrubá-los em um breve tempo,é fácil.Mas para fazer isso,tente apenas tente,analisando o contexto histórico de cada raça,da classe social,da realidade brasileira e de seu ordenamento jurídico,bem como o tempo em que estava inserido  o legislador na data de sua formação.Se após,todas essas leituras não estiverdes convencido de sua posição,recue,não debata,o que é triste.

Agora tenho a  resposta a minha pergunta.Iria a Londres dos escritores.Caminharia por suas ruas,beberia um bom vinho em seus bares,escreveria sentada deslumbrando uma visão do dia-a-dia corrido dos Londrinos  e a noite apreciaria a noite dos amantes,desfrutando de um belo luar.Por alguns instantes senti como se estivesse realmente La,até pude sentir sua brisa tocar meu rosto com uma astúcia impressionante.Aristóteles e sua impressionante visão sobre o mundo dos sentidos seria uma agradável companhia para meu passeio.

Cortei as minhas asas,pessoas  choram e buscam um ínfimo motivo para continuar vivendo em meio a uma realidade enfática demais para s voltar a ser  suportada,com que razão podemos dizer a eles que tudo ira voltar a ser como era?Com todo nosso idealismo,falamos de nosso agradável mundo quase que literal para ser verdade,uma verdade não tocada por eles,é fácil de mais não concordam?Ao invés de sentir-me envolvida com as luzes e todos os atrativos que minha imaginação bucólica possa imaginar de Londres,confrontarei as pessoas,tantas quanto me forem possível,desafiarei a elas analisarem o outro,sua vivencia real,para isso não preciso ir tão longe.Estou em Frederico Westphalen,noroeste do Rio Grande do Sul,uma cidade extremamente maravilhosa por suas formas e extremamente medíocre por sua sociedade.O preconceito e as aparências aqui são questões de ordem,se conseguir implantar a dúvida em algumas pessoas sobre este sistema me darei por satisfeita.

Agora vôo com os pés no chão,descalços,mãos firmes e pensamentos solidamente idealistas.É uma beleza da vida,não?

                                                                                                               Vanessa Pinheiro