segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Noite de devaneios

É uma noite quente de verão, aqui em Frederico Westphalen/RS as árvores trabalham quietas e vagarosamente tornando a respiração um pouco difícil. Tentar dormir seria perda de tempo, aliás, venho concluindo isso há um tempo, mas tudo bem. O fato é que nestas noites quentes de verão são propícias ao devaneio, elas imploram por uma companhia agradável para um sorvete, se não houverem companhias, sempre haverão as ilusões, e estas podem ser tão doces!
            Nesta noite em especial, parei para pensar no brilho da lua e de todos os olhares atentos e sonhadores que se submetem a ela, e os olhares como o meu, curiosos, acabam por imaginar o que as mais pacatas visões deslumbram neste momento, ouso sonhar com as emoções sentidas, os pensamentos tidos e os sonhos redirecionados. Explico. Aos apaixonados, o luar é envolvente; aos poetas, a luz ludibria; aos amigos, o luar é despercebido; a mim, trás lembranças doces do que não vivi e que ao menos por hora vivo em minhas ilusões.
            Descreverei onde estou neste momento, em meus sonhos é claro. Estou em Torres, sentada no gramado que cobre o morro do Farol, daqui posso ver toda a imensidão do mar, as ondas se batem e rebatem contra as pedras e a maresia trás uma sensação de leveza, o perfume que sinto é do querido que me acompanha neste sonho chamado amor. Poderia descrevê-lo em cada detalhe que se estampa em seu rosto, seus olhos tristes e confusos e seu temperamento, contudo não o farei, a noite se tornaria pesada demais para que eu a suporta-se. O momento que gravei na memória foi o abraço apertado e a certeza do real encontro.
            É engraçado como a vida se impõe, você cria planos, metas, bloqueios e ela vêm e te apresenta tudo o que você queria não querer, aí então as noites quentes passam a ser gélidas de afeto, de carinho, de felicidade, o olhar se perde com uma facilidade estupenda, de repente aquele olhar doce, triste, amável e confuso está ali, te fitando e então o tremor em todo o corpo e as mãos que suam frio se justificam, a vontade de dizer mil palavras que exprimam este sentimento se esvai ao lembrar que é mais um de seus devaneios. Dói? Sim, dói. Mas sinceramente é uma dor gostosa de quem sente, e sente muito!
            São tantas as imaginações, recordações ou aspirações que chego a conversar com a Dona Lua, pergunta à ela, onde estaria a razão dos meus sonhos (embora saiba a resposta!), com quem estará pouco me importa contanto que no momento em que parar no tempo para observar o brilho do luar seja meus olhos que ele veja, quando aquele cantor, o favorito dele, tocar em seu som, que seja o meu sorriso que ele veja, destas certezas se faz minha espera, destas alegrias minha esperança se orienta.
            Tudo parece vazio aqui, tento parar com as imaginações, ao menos por hora! Sua voz posso ouvir ainda, quem sabe você estaria dizendo: “Ô menina!”, quem sabe, e o mais provável, nossos lábios estivessem tão envolvidos que nenhuma palavra conseguiria ser proferida, não importa o olhar, aquele olhar trocado diz tudo. Nesta noite dispenso o brilho das estrelas, fico com teu olhar.

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